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Foto do escritorjorgedoliveira

Como os fatores genéticos e a inteligência artificial podem se tornar obstáculos para o autodesenvolvimento?

O quanto você se interessaria por mudar o seu comportamento se soubesse que suas predisposições genéticas influenciam a sua forma de ser? Há lugar para o autodesenvolvimento no futuro?

 

Recentemente realizei um teste genético que revelou detalhes importantes sobre saúde, ancestralidade e comportamento. Isso mesmo, o teste indicou possíveis tendências comportamentais que eu possuo ou que possa manifestar algum dia. Não posso contestar que fiquei surpreso ao descobrir que alguns aspectos do meu comportamento presentes no relatório realmente são precisos. O meu gene “guerreiro”, definido no cromossomo 22 do teste, por exemplo, indica que tenho certa aptidão para me sair bem em ambientes complexos e me envolver na realização de tarefas relacionadas à memória e à atenção. Além da predisposição para me sair bem quando estou em tarefas sob pressão, em situações estressantes do dia a dia, tais como apresentações em público e entrevistas.

 

Por outro lado penso que mesmo tendo forte tendência, se eu não tivesse me desenvolvido constantemente jamais conseguiria conviver em ambientes complexos e por tantos anos ao longo da carreira. Outro exemplo interessante é o gene 4, que no teste aponta a minha tendência natural de apresentar um desempenho matemático abaixo da média. Curiosamente minha formação é na engenharia. Então, o que isso tudo quer dizer?

 

A quantidade e a qualidade das informações a que temos acesso atualmente representa uma verdadeira revolução do ponto de vista científico. Descobrir esse tanto de detalhes apenas pela realização de um teste que não me investigou a fundo e saber sobre si com essa profundidade de argumentos pode ser incrível. Contudo, como coach, ou seja, alguém que trabalha com técnicas e estratégias que promovem o desenvolvimento pessoal, a melhoria de desempenho e o autoconhecimento; justamente auxiliando na identificação de padrões comportamentais de indivíduos, penso que esses elementos, a depender da pessoa, podem ser tornar obstáculos na trilha do autodesenvolvimento. Será que o autodesenvolvimento está com os dias contados? Até que ponto descobrir sobre a influência genética estimula - ou não - o desejo pelo desenvolvimento? A inteligência artificial pode ajudar no desenvolvimento comportamental ou vai reduzir a nossa capacidade de experienciar através dos erros e acertos, refletir e se desenvolver? Você se arrisca a responder?

 

A ciência possui inúmeros estudos sobre esse tema e a maioria deles não encerra a ideia. Mendel, Darwin, Bouchard, entre outros, desenvolveram teorias complexas para explicar como veem essa questão. Mas o fato é que, em resumo, nenhum ser humano, nem tampouco algum outro animal, se comporta de forma programada ou totalmente determinada por seus genes, que se perpetuam de geração em geração. Todo comportamento, assim como toda característica biológica, é produto de uma complexa rede de fatores genéticos e não genéticos. Quando se trata de comportamento não é um único gene que determina as ações e sim a influência de vários genes, no entanto as experiências individuais e fatores ambientais são capazes de moldar os genes. O que corresponde a afirmar que o comportamento humano é influenciado por fator genético de forma significativa, mas não determinante. Diante disso, me propus a refletir como essa questão pode se tornar um entrave, especialmente se houver um certo conformismo em aceitar ou acreditar totalmente nesse tipo de resposta que é oferecida.

 

Qual é o seu maior desafio para enfrentar a mudança de um comportamento? De que forma o autodesenvolvimento produz maturidade e como você vê essa questão?

 

Embora toda a tecnologia seja sempre uma aliada, é importante pensar qual o lugar do autodesenvolvimento nesse cenário. O autodesenvolvimento é fundamental para o indivíduo, pois promove o crescimento pessoal, a autorrealização e o bem-estar. Para Abraham Maslow, psicólogo americano, a autorrealização é o processo contínuo de autodescoberta e crescimento, em que o indivíduo busca alcançar suas maiores aspirações e ser a melhor versão de si mesmo. Ele se refere a pessoas autorrealizadas como as que buscam constantemente seu aprimoramento pessoal, e acrescenta que elas são criativas, independentes, autênticas e focadas em viver de acordo com seus valores e potencial. Assim, o autodesenvolvimento, para Maslow, é um movimento em direção ao máximo desenvolvimento do próprio ser, uma busca por viver de forma plena de ser. Isso é maturidade plena. Em contrapartida, observo que alguns indivíduos que se fixam na ideia de “funciono assim, então sou assim”, acatando o comportamento que manifesta por alguma razão, paralisa o seu próprio desenvolvimento comportamental e afasta diversos ganhos que teria no processo de vivência.

 

Para você seria mais fácil usar aparelho de última geração que traduz uma conversa em tempo real ou se empenhar em aprender um idioma no modo tradicional?

 

Um dos contextos atuais desse confronto acontece na chamada geração z. Embora sejam exímios entendedores do mundo digital e atentos às questões sociais do mundo, eles têm sido alvo de críticas no mercado de trabalho, com profissionais relatando que existe uma falta de habilidades de comunicação, de motivação e de esforço desses jovens. A mudança de comportamento é pouco questionada e, nesse caso, eles esperam que o mundo se enquadre ao seu modo de ser e não o contrário. Mudar o comportamento não é uma ideia levada em consideração – pelo menos pela maioria deles. Além disso, há diversos relatos de “quiet ambition”, termo que se refere a uma tendência de comportamento em que a pessoa se desliga emocionalmente do trabalho e reduz o seu comprometimento por inúmeras razões.

 

Outro motivo que pode elevar o nível dificuldade de lidar com o autodesenvolvimento é o uso inadequado da inteligência artificial. A ferramenta capaz de automatizar processos precisa ser usada com discernimento e de forma que acrescente ao desenvolvimento individual e não o substitua. Isso inclui a tomada de decisões que IA pode adotar por meio de um conjunto de automações. Mas será que essas resoluções são de fato inquestionáveis? É aí que entra o fator autodesenvolvimento. No processo de crescimento pessoal e autoaperfeiçoamento contínuo através do aprendizado, da reflexão e da prática de novas habilidades há muitas coisas em jogo. Envolve a busca por conhecimento sobre si mesmo, a identificação de áreas de melhoria, ética, o comprometimento em evoluir e crescer como indivíduo. O autodesenvolvimento pode abranger aspectos emocionais, cognitivos, sociais e profissionais, contribuindo de uma maneira bastante ampla e única.


Segundo um estudo publicado na revista Psychological Science demonstrou que uma aprendizagem baseada em erros pode ser mais eficaz do que a aprendizagem com sucesso. Os pesquisadores descobriram que os indivíduos que cometiam erros durante um processo de aprendizagem eram mais expostos a absorver informações e a desenvolver um entendimento mais profundo do conteúdo. A capacidade de aprender com os erros está ligada à resiliência. Outro estudo, de 2016, publicado no Journal of Personality, revelou que pessoas que veem os erros como oportunidades de crescimento tendem a ser mais resilientes e a se adaptar melhor às mudanças e desafios. Esse tipo de atenção é crucial em ambientes de alta pressão como nas organizações, onde a capacidade de se recuperar rapidamente de falhas é essencial. Esses fatores estão todos ocultos à primeira vista, mas revelam o como é essencial o processo de autodesenvolvimento. A reflexão por fim é para o equilíbrio de modo que não haja a perda de criatividade, habilidades de pensamento crítico e intuição humana.

 

De que maneira você lida com o seu autodesenvolvimento e qual o impacto tem produzido em seu comportamento?

 

Se deseja ter apoio de um coach profissional entre em contato: jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.br Whats app (11) 97675.3380.

 

Jorge Dornelles de Oliveira

Outubro de 2024

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