O quanto você está preparado para equilibrar demandas opostas que surgem na organização? De que forma desenvolver a habilidade de gerenciar paradoxos é essencial para formar líderes estratégicos? Quais as melhorias que podem se refletir em você e na organização?
As contradições fazem parte do dia a dia de uma organização e por essa razão é importante que um c-level esteja preparado para responder de forma coerente e equilibrada a diversas situações que aparecem a todo o tempo. Contudo, observo que embora essa habilidade seja essencial ela é subestimada por grande parte dos executivos. É comum vermos empresas que se autointitulam como inovadoras serem bastante severas com colaboradores que falham em projetos. Assim como é frequente o número de empresas que atuam com equipes de trabalho excluírem algum membro das decisões atuando de forma eliminatória. Exemplos como esses são corriqueiros, mas a grande questão aqui é: entender o que é possível fazer para balancear decisões quando elas envolvem pontos de vista ou situações contrárias? O que é possível fazer para que a organização seja inovadora e ao mesmo tempo tenha ponderação para lidar com o erro quando ele ocorrer? Que tipo de atitude você teria em circunstâncias como essas?
As habilidades interpessoais e a capacidade de lidar com paradoxos no ambiente de trabalho, especialmente em contextos de mudanças rápidas e demandas de inovação são diferenciais valiosos. Esse gerenciamento de paradoxos, como exemplifiquei nas provocações acima, envolve equilibrar necessidades aparentemente opostas, como colaboração e competição, flexibilidade e estrutura, além de curto e longo prazo. Isso sugere que os líderes desenvolvam um pensamento integrativo, ajudando os colaboradores ou times a verem o valor em múltiplas perspectivas ao mesmo tempo, em vez de escolher uma abordagem unilateral. Esse tipo de raciocínio facilita a resolução de problemas complexos e estimula a inovação em contextos ambíguos e complexos.
Como você faria para atender demandas distintas ao que você planejou na posição de c-level?
De acordo com Michael M. Lombardo, coautor do livro FYI (For Your Improvement, 2004) ele enfatiza o desenvolvimento de competências de inteligência emocional e habilidades sociais que promovem o entendimento interpessoal, que contribuem regularmente para a melhoria da organização. A capacidade de construir normas produtivas em equipes e a conscientização emocional de suas próprias reações são fundamentais para criar um ambiente onde os paradoxos sejam envolvidos de maneira construtiva. Essas práticas, assim como a criação de regras de equipe que lidam com comportamentos contraproducentes e promovem autoavaliação constante, ajudam a manter a eficiência sem trazer desconfortos ou prejuízos. Isso porque o paradoxo pode se apresentar também nos times. Por isso, começar a combinar comportamentos aparentemente opostos pode ser o primeiro exercício para aprender a lidar com equilíbrio e fortalecer o processo de desenvolvimento.
Nesse sentido, vale lembrar uma frase que ilustra todo o raciocínio até aqui: “A arte da vida é um constante reajuste do nosso entorno”. A citação é de Kakuzo Okakura, um professor de arte e escritor japonês que viveu de 1863 a 1902. A reflexão sugere que as pessoas devem mudar constantemente e se reajustar ao ambiente e às diferentes situações para desenvolver suas mentes e crescer de muitas maneiras. Assim deve ser a mentalidade de um líder que está atento e capacitado para lidar com os paradoxos. Sendo assim, reitero que para desenvolver essa habilidade é necessário começar a transformar alguns comportamentos que não acrescentam em nada. Por exemplo, se necessário comunicar algo desagradável, tenha posição firme, mas ouça e de espaço para todos falarem. Se tiver uma crença pessoal forte sobre algum tema, tente compreender como os demais se sentem e qual opinião emitem a respeito. Ao contrário do comportamento impositivo, saber manejar contextos que se opõe de forma sutil é uma ótima saída para manter a produtividade em alta. Os líderes precisam ser mentalmente ágeis para navegar e se adaptar a diferentes situações e responder a demandas conflitantes sem perder o foco nos objetivos estratégicos ou desmotivar.
De que forma você lida com capacidade de aprender e se adaptar rapidamente com novas experiências? Você está satisfeito com a agilidade da sua aprendizagem? Você tem o hábito de monitorar o seu comportamento de mudança?
A contradição, como falei, faz parte de todas as relações existentes. Na pandemia de covid-19 tivemos que aprender a lidar com diversas situações antagônicas para nos mantermos. Diversas empresas não sabiam atuar no ambiente de trabalho virtual, mas de uma hora para a outra aprenderam com esse paradoxo. Algumas até hoje se mantem. Outras encontraram no formato híbrido o equilíbrio para o paradoxo. Então a velocidade que as coisas acontecem exigem respostas no mesmo sentido. Contradições estão sempre surgindo. Faça exercícios em situações que apareçam: dê a si mesmo permissão para dar um passo para trás em algumas situações. Conforme as demandas se acumulam, é fácil ficar preso em um ciclo reflexivo de pular de uma questão urgente para outra. Dê a si mesmo tempo para refletir se você se sente desconfortável com alguma coisa. Pergunte o quê e por quê. Quando sentir a sugestão de uma contradição, pergunte a si mesmo: “O que realmente está acontecendo aqui?” e “Por que isso importa?” Procure as respostas sem recair em presunções e não se apresse em rotular as coisas como boas ou ruins. Essas perguntas podem expor a fonte da contradição. Essa é a arte de se reajustar.
Embora você possa não ser capaz de mudar ou influenciar certas circunstâncias externas, seguir as contradições é uma ação concreta que restaurará alguns dos seus recursos pessoais e, eventualmente, permitirá que você supere seu dilema de capacidade reduzida e demandas aumentadas. Além disso, esse movimento fará com que você atinja um novo nível de liderança e, quando você cria o hábito de pensar dessa forma, você vê as contradições mais cedo e responde de forma mais eficaz. É necessário manter tanto a flexibilidade quanto a conexão entre equipes. Isso exige habilidades interpessoais refinadas para construir confiança e criar momentos que importam, permitindo que as equipes se sintam integradas e motivadas a contribuir para um propósito maior.
Como estão as suas habilidades de influência, resiliência e gestão de conflitos, fundamentais para navegar no contexto dos paradoxos organizacionais? Você acredita que essas habilidades podem te ajudar a ir além?
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Jorge Dornelles de Oliveira
Outubro de 2024
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